segunda-feira, 13 de setembro de 2010

José de Almada Negreiros

                                                                  auto-retrato
José de Almada Negreiros, nasceu em São Tomé em 1893 e faleceu em Lisboa em 1970.

retrato de Fernando Pessoa , por Almada Negreiros, 1954

Universalmente conhecido pelo retrato de Fernando Pessoa, como pintor e artista plástico, Almada Negreiros também foi poeta, romancista, ensaísta, crítico de arte, conferencista, dramaturgo, enfim, uma das mais notáveis figuras da cultura portuguesa. Um génio, na opinião de muitos.

                                                       Vitral da Igreja de Fátima, Lisboa

Na Igreja de Nossa Senhora de Fárima, em Lisboa, obra do Arquitecto Pardal Monteiro, que foi inaugurada a 13 de Outubro de 1938, são da sua autoria o portão do Baptistério, os frescos da cúpula da ábside e os magníficos vitrais, que são a parte mais visível e conhecida dos trabalhos de Almada Negreiros nesta Igreja.


A obra mais importante da sua derradeira fase criativa foi um grande painel em pedra gravada, destinado ao átrio da sede da Fundação Calouste Gulbenkian. Trata-se de Começar (1968-1969), uma obra fascinante, de complexa e mística concepção.


                         A.Negreiros a trabalhar nos painéis da Gare Marítima de Alcântara


                                                      Gare Marítima de Alcântara


 gravuras incisas na entrada da Faculdade de Letras de Lisboa


A sua poesia não ocupa, no conhecimento do público, o lugar a que tem direito. Aqui fica, então, o poema Rondel do Alentejo, de Almada Negreiros.
                                    Almada Negreiros com a mulher e pintora, Sarah Afonso

                                  Rondel do Alentejo
Em minarete
mate
bate
leve
verde neve
minuete
de luar.

Meia-Noite
do Segredo
no penedo
duma noite
de luar.

Olhos caros
de Morgada
enfeitada
com preparos
de luar.

Rompem fogo
pandeiretas
morenitas,
bailam tetas
e bonitas,
bailam chitas
e jaquetas,
são as fitas
desafogo
de luar.

Voa o xaile
andorinha
pelo baile,
e a vida
doentinha
e a ermida
ao luar.

Laçarote
escarlate
de cocote
alegria
de Maria
la-ri-rate
em folia
de luar.

Giram pés
giram passos
girassóis
e os bonés,
e os braços
destes dois
giram laços
ao luar.

O colete
desta Virgem
endoidece
como o S
do foguete
em vertigem
de luar.

Em minarete
mate
bate
leve
verde neve
minuete de luar.
                                             in «Contemporânea»


                                              Com os filhos, na Quinta de Bicesse


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