sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Roberto de Mesquita


Roberto de Mesquita foi um poeta quase desconhecido, no seu tempo e no nosso. Por isso, o menciono aqui. Poeta acoreano, nasceu em 1871 na Ilha das Flores e aí morreu em 1923. Foi um dos poetas simbolistas dos inícios do movimento em Portugal e foi Vitorino Nemésio quem o descobriu. A sua obra foi reunida num volume intitulado Almas Cativas.

Aqui fica um poema que denota a sua clasusura de ilhéu, virado para o mar:

                                   Ar de Inverno

Aves do mar que em ronda lenta
giram no ar, à ventania,
gritam na tarde macilenta
a sua bárbara alegria.

Incha lá fora a vaga escura,
uiva o nordeste aflitamente.
Que mágoa anónima satura
este ar de Inverno, este ar doente?

Alma que vogas a gemer
na tarde anémica, de vento,
como se infiltra no meu ser
o teu esparso sofrimento!

Que viuvez desamparada
chora no ar, no vento frio,
por esta tarde macerada
em que a esp'rança se esvaiu!...


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