domingo, 17 de julho de 2011

«Regresso do Gerês» de Isabel del Toro Gomes




Regressámos do Gerês
Neste domingo ventoso
Lá ficaram os trilhos
Das verdes montanhas
Que calcorreámos sem cessar
Lá ficaram os bancos de pedra
As fontes as cascatas as lagoas translúcidas
Que refrescaram os nossos corpos
E saciaram a nossa sede




Lá ficou o sol que se vislumbra na manhã
Através dos verdes ramos emaranhados
Lá ficaram a lua e as estrelas
Iluminando o céu na noite sem luz
Lá ficaram as hortenses azuis
As lilazes flores do campo
Chorosas nos seus cachos





Lá ficaram os pinheiros bravos
Os eucaliptos brancos os vidoeiros
Os pastores solitários
E os seus rebanhos na vezeira
Lá ficaram as cabras montanhesas
A saltar de rocha em rocha
Com os lobos a espreitá-las

Lá ficaram o nosso rio Gerês
O pobre cavalo branco
Sozinho no meio do mato
As nossas borboletas amarelas
E de todas as cores esvoaçando sem parar
O nosso lagarto os nossos pássaros trepadores
O nosso canto debaixo do grande carvalho



Regressámos do Gerês
Neste domingo de vento
Mas não lhe dissemos adeus
Pois lá ficou um pouco de nós
Lá continua o nosso pensamento.

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