sábado, 15 de outubro de 2011

Montaigne




A vida é como um grande livro que folheamos e cujas páginas mais belas se encontram no fim.

                                               Montaigne (1533-1592)

Montaigne devia ter razão quando escreveu isto, já há alguns séculos.
Que a vida de todos nós podia dar um livro, acho que sim, mesmo a dos mais simples mortais. Aliás, são esses que mais  interessam muitas vezes, porque mais cheias de episódios cómicos e trágicos, ao contrário das vidas vazias de alguns famosos.
Que as páginas mais belas se encontram no fim, já é controverso, embora compreenda a ideia de Montaigne. O fim dum livro é  o mais importante para muitas pessoas, o que desperta mais curiosidade. Daí irem espreitar as páginas finais, o que  tira todo o mistério à história ou ao que se está a relatar. Também o fim  pode ser «a página mais bela» das nossas vidas.
A propósito de tudo isto, aproveito para dizer que ler um LIVRO continua a ser uma experiência maravilhosa, para mim e para muitas pessoas felizmente. Nada poderá substituir ou usurpar o prazer e o lugar desse objeto de arte que é o livro, nem ipods nem ipads ou seja lá o que venham a inventar. Ter um livro nas mãos, folheá-lo, ver e admirar as suas ilustrações, levá-lo para todo o lado, sem limitações de qualquer espécie (espaço, tempo eletricidade, internet...), ler e reler quando se quer (muitas vezes releio os livros da minha infância ou doutros tempos), encher a casa com os livros de que gostámos e que fizeram parte da nossa vida, enfim, é algo insubstituível.
Neste momento de crise social, política e financeira, de angústias,  tristezas e  revoltas, resta-nos sempre o livro que nos permite sobreviver a tudo isto. E as bibliotecas.
Quanto aos jovens, grandes vítimas dos erros que todos têm cometido, governantes e não governantes, só lhes posso dizer que leiam, leiam tudo o que quiserem e que puderem, que desenvolvam as suas capacidades de leitura e que se cultivem com o prazer da leitura. Para que possam defender-se melhor, reagir melhor a todas as situações, principalmente as más, e interpretar melhor toda a realidade que nos rodeia, que cada vez é mais complexa. Por isso, é preciso saber mais e a sabedoria vem da VIDA e dos LIVROS.

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