quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

«A morte de Rimbaud» de Al Berto

Al Berto, pseudónimo de Alberto Raposo Pidwell Tavares, nasceu em Coimbra em 11 de Janeiro de 1948, e morreu em Lisboa em 13 de Junho de 1997.
Faria hoje 64 anos.
Aqui fica um pouco da sua poesia, excerto do poema «A morte de Rimbaud».

A morte de Rimbaud

os dias estão cheios de cartas e de recomendações, de amigos
que partem para sempre, ou adoecem, de recados e de intrigas, de
contas intermináveis, de ouro, de corpos, de fortuna e de infortúnios.
de morte, e de cães feridos a uivar à porta da desolação.


uma espécie de miséria e de orgulho, escorrem no fundo de 
mim. e talvez seja a mistura venenosa da miséria com o orgulho que
me há-de perder...

não tenho mais nada a dizer. os poemas morreram.

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

«Jardim da Estrela» de Isabel del Toro Gomes

                                                               
                                            Jardim da Estrela
Naquele Jardim da Estrela
Sento-me num banco
Em frente ao coreto
À espera que alguma coisa  aconteça.
Passou-se um dia
E mais outro
E nada acontecia
Só os pássaros continuavam a cantar
As suas cantigas de amor
Como seculares trovadores
E uma velha telefonia
Passou gritando desafinada
Em cima duma bicicleta apressada.
Afinal, tudo e nada acontecia
Assim, sem nenhuma magia.

                                                  

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

«O elogio do silêncio» de Marc de Smedt


Ainda não cheguei ao ponto de fazer voto de silêncio. 
Mas sinto cada vez mais necessidade dele, num mundo exageradaemnte sobrecarregado de mensagens de todos os tipos.
Ao ler «O elogio do silêncio» estou a reaprender muita coisa e a relembrar que o silêncio é essencial nas nossas vidas. «Quem muito fala pouco acerta», «O silêncio é de ouro»,lá dizem os ditados.

...àquela frase de André Malraux, dita pouco tempo antes de morrer: Somos a primeira civilizaçãoque não sabe mais qual o sentido da vida; vivemos numa civilização que à pergunta: O que é que fazemos sobre a Terra? responde: Não sei. Isto nunca tinha acontecido antes..., poderíamos responder com aquele objetivo primordial: salvar a Terra e sua Humanidade. Evitar que um silêncio lunar se instale aqui em baixo.

Pois é precisamente o contrário que os Homens vão fazendo, nos tempos que correm: exterminar a vida sobre a Terra.