quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

«Mãe...é para ti» de Isabel del Toro Gomes







 Mãe… é para ti

 mãe adorada
Jamais te esquecerei
Finalmente chegou
Ao fim a tua caminhada.

Mas o caminho continua
Não vás tu pensar
Que vais ficar parada,
Que era o que tu não querias
Nem por nada.

Parar, isso nunca
Morrer nem pensar
Isso nunca!
E De modo nenhum
Num fatídico dia treze!

E que frio de rachar
Que nos deixa transidos
De paixão e de dor!

Querida mãe
Jamais te deixarei só
Pelos atalhos do teu sonho
O sonho grande de amar
E ser amada
Da família, da paz e da harmonia
Esse imenso sonho
Que em cada dia te fugia
E em pó no ar se desvanecia…
E quanto tu mais atrás dele sorrias
Mais ele desaparecia…
Tanta fatalidade tanta tristeza!

 mãe
Jamais as tuas longas mãos
poderei apertar
o teu misterioso rosto beijar
o teu resistente corpo abraçar
não te digo adeus , só até logo!

 mãe
Para sempre Continuaremos  
a fazer compras
No lugar aprazado
Lado a lado
Numa imensa e infantil cumplicidade.
Agora está na hora
De irmos lanchar,
Agora é a hora maior:
Um chá dois bolos e uma torrada,
Que extraordinário momento de felicidade!
minha mãe adorada
contigo aprendi quase tudo
que tu fazias questão de me ensinar
mais e sempre mais…
que a vida mais nos tira do que nos dá…
mesmo assim é um pequeno prazer
Mesmo um dever…
Nunca disso esquecerei!

Minha mãe
Pois então, o caminho é para continuar…
Eu tão pequena
E tu à minha espera de braços abertos
Lá ao fundo da dor
À espera de mim
Para dos pesadelos da noite me consolar,
noite escura e longa…

minha mãe
que vida e que noite tão longas…
agora  que caminhas livre
finalmente em liberdade
ficas a saber, agora sim,
que todos te amaram
e jamais te esquecerão.
                                                                                      16 de Janeiro de 2014

                       




segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

NATAL EM LISBOA 2013





presépio concebido pelo professor de Expressão Plástica Paulo Costa com o apoio dos alunos e dos professores das AEC,da Escola EB1 Luisa Ducla Soares, numa parceria com a Plataforma LX, e a Associação Passeio Público


Lisboa meu Amor


vem à minha cidade 
Bela De lisboa
Onde vim ao mundo
Num anónimo 3º andar
Duma rua COM plátanos
Que espreitavam pelas janelas
Únicas testemunhas
Daquele destemido e
Desesperado acontecimento.



Vem á minha cidade
Bela De lisboa
Onde te espero
Desde sempre
Por Onde vou passando
E dando quedas à toa
Em qualquer buraco
E tu me amparas
Quando vais ao meu lado.




Vem à minha cidade
Bela De lisboa
Onde mesmo assim é natal
Neste ano da graça
De dois mil e tal.

                                                 Isabel del Toro Gomes, Natal 2013


 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

«Nevoeiro» de Fernando Pessoa

 

 

Dia de nevoeiro, frio e chuva junto ao grande Tejo, que o torna enigmático.

Porque será que as pessoas nunca sabem se o nevoeiro vem ao seu encontro, impreciso, desleal, traidor?Vem sempre tão sorrateiro que, de repente, deixamos de ver o Mundo.

Será isso mesmo que ele nos quer comunicar?

Fernando Pessoa retrata como ninguém esta ausência de tudo.

Portugal a entristecer, a esvair-se pela terra adentro...

 

Nevoeiro 

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer-
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Valete, Frates


Fernando Pessoa, Mensagem




sábado, 26 de outubro de 2013

«Cores de Outono» de Isabel del Toro Gomes




Cores de outono

Penso que nada me impressiona
De forma positiva
Nestes tempos de muita luta
Que só a fraqueza me possui
Me influencia e me conduz.
Nada disto é verdade
Nada pode ser assim
Porque nada é só assim
Bom ou mau
Fraco ou forte
Duma só cor, à contraluz.

Tudo se mistura dentro de nós
Tudo faz parte do nosso sangue
Tudo contém todas as cores
Deus nós e o mundo.

                                               Isabel del Toro Gomes


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Hora do chá




 Chá das cinco
 
Este post é especialmente para os que gostam de tomar chá, quer seja o das cinco ou doutra hora qualquer.
Desde há uns anos para cá, tomo chá a todas as horas, de manhã à noite, por motivos de saúde. Faço um bule de chá por dia, e vou bebendo, aos poucos. Comecei com o chá verde, mas agora vou variando, desde a menta à erva cidreira, a frutos silvestres, tudo. 
Gosto de todos os sabores, o chá passou a ser uma bebida imprescindível.
Depois das refeições, ajuda à digestão e substitui o café, que é agora proibido para mim. Dantes, não passava sem ele, depois do almoço principalmente, mas o mundo dá muitas voltas...
Agora, não me faz falta nenhuma e acho que fiquei a ganhar com a troca. 
Então no inverno, o chá das cinco bem quente e fumegante é imprescindível. Com o frio, nada mais reconfortante.

Tudo isto a propósito da palavra chá.




Nas minhas últimas leituras, descobri que foram os portugueses que introduziram o chá na Europa e que a palavra chá pronuncia-se quase como a palavra chinesa, tchá. 
Tinha de ser, os portugueses andaram sempre por todo o lado a meter o nariz!
Neste caso, trocas e influências mútuas entre países tão distantes são um fenómeno tão curioso como saboroso!
Se formos à China, é só pedir um tchá.


 

domingo, 29 de setembro de 2013

«Léah e Outras histórias» de José Rodrigues Miguéis









José Rodrigues Miguéis (Lisboa 1901/ Nova Iorque 1980)


O homem, Léah, distingue-se da besta por um calo sensível que esta não possui, segundo cremos: a consciência moral (...).
Em lugar de te seguir o exemplo, saboreando sem problemas o nosso amor, a nossa juventude e liberdade, passei a julgar-me réu de traição e deslealdade.


                José Rodrigues Miguéis,  Léah in Léah e Outras Histórias



A hora da verdade está a chegar, neste dia de eleições autárquicas dum pequeno país que podia ser maravilhoso, mas não é, graças aos desmandos e corrupção dos grandes senhores que tomaram o poder e se serviram dele como tiranos que são, no mais profundo do seu ser empedernido e ganancioso.
Sem o calo sensível da consciência moral.
Nada melhor do que ouvir e recordar as palavras dos grandes e sábios, neste momento. «Eles» não ouvirão nada, já que estão surdos e se pensam imortais.


 

domingo, 22 de setembro de 2013

O fim do Verão no Jardim da Estrela












Por fim renasci
De novo o mar
Lisboa o jardim e o rio
A luz o calor o frio
O mundo todo
                                          
                                                         Isabel del Toro Gomes