sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Até já Leonard Cohen


Leonard Cohen morreu às primeiras horas de hoje, dia 11 de Novembro.
Mas será para sempre lembrado com o seu sorriso enigmático e pensativo, com os seus poemas e as suas canções que parecem embalar-nos numa voz paternal e quente.
Até já Leonard Cohen.



Suzanne

Suzanne takes you down to her place near the river
You can hear the boats go by
You can spend the night beside her
And you know that she's half crazy
But that's why you want to be there
And she feeds you tea and oranges
That come all the way from China
And just when you mean to tell her
That you have no love to give her
Then she gets you on her wavelength
And she lets the river answer
That you've always been her lover
And you want to travel with her
And you want to travel blind
And you know that she will trust you
For you've touched her perfect body
With your mind

And Jesus was a sailor
When he walked upon the water
And he spent a long time watching
From his lonely wooden tower
And when he knew for certain
Only drowning men could see him
He said "All men will be sailors then
Until the sea shall free them"
But he himself was broken
Long before the sky would open
Forsaken, almost human
He sank beneath your wisdom like a stone
And you want to travel with him
And you want to travel blind
And you think maybe you'll trust him
For he's touched your perfect body
With his mind
Now Suzanne takes your hand
And she leads you to the river
She is wearing rags and feathers
From Salvation Army counters
And the sun pours down like honey
On our lady of the harbour
And she shows you where to look
Among the garbage and the flowers
There are heroes in the seaweed
There are children in the morning
They are leaning out for love
And they will lean that way forever
While Suzanne holds the mirror
And you want to travel with her
And you want to travel blind
And you know that you can trust her
For she's touched your perfect body
With her mind


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

«Montanha Russa» de Isabel del Toro Gomes

Gerês

Montanha Russa

Cada dia é uma montanha
Que temos de escalar pedra a pedra
E depois descer com mil cautelas
Montanha russa na Feira da Vida
Subimos e descemos
Choramos e rimos
Juramos que nunca mais repetimos
Mas sempre de novo somos atraídos
Já estamos cansados, exaustos
Corpo dorido, pés sofridos
Mas continua a ser preciso
Escalar a montanha do riso.

                                                                                  anos 90



Este foi um dos poemas publicados na antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea, Volume VI, coordenada por Ângelo Rodrigues, da Editorial Minerva

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

«Flicts» de Ziraldo


A poucos dias de se poder ver a maior Lua dos últimos 70 anos (segunda feira dia 14 de Novembro), recordemos Ziraldo (escritor, desenhista e cartoonista brasileiro) que que escreveu um livro dedicado às crianças, editado pela primeira vez em 1969.
Flicts conta a história de uma cor diferente, que não consegue se encaixar no arco-íris, nas bandeiras, em lugar nenhum, e que ninguém reconhece nem dá valor. Ao longo do livro, Flicts vai-se conformando com a sua situação, pensando ser inferior às outras.


Ziraldo transmite-nos, afinal, a mensagem de que todos merecem ser respeitados tal como são e que todos merecem o seu lugar no mundo, por mais diferentes que sejam.
E Flicts também encontra o seu lugar: a Lua.
Editado no mesmo ano em que o Homem chegou à Lua pela primeira vez, Flicts é uma daquelas obras que resistem ao passar do tempo e das luas.


Este foi o primeiro livro infantil de Ziraldo e o sucesso foi tanto que mudou a vida do autor, que continuou a escrever histórias como O Menino Maluquinho, A Menina Nina e Turma do Pererê.
Enquanto não lêem estes fantásticos livros (que belo presente de Natal!), podem ver este vídeo feito a partir de Flics.

https://www.youtube.com/watch?v=L-J6nQUmnuo

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Fernando Pessoa no café «A Brasileira» no Chiado»


A Brasileira e Fernando Pessoa


Lagoa Henriques é o autor da escultura representativa do poeta Fernando Pessoa que se encontra na esplanada do Café  A Brasileira, no Chiado, em Lisboa.
Mestre e motivador de sucessivas gerações de criadores artísticos, autor de desenhos e esculturas notáveis, poeta, conferencista e coleccionador de peças tão diversas como pinturas, conchas, livros, troncos de árvores e outros acervos, segundo o seu site na Internet, Lagoa Henriques "deixa um vazio" no círculo em que se movimentava.

Lagoa Henriques lega-nos uma obra marcada pela transfiguração das formas clássicas através do contacto directo com as pessoas, a cidade e a natureza. Exemplo emblemático dessa ligação das formas eruditas ao quotidiano é a estátuta que criou de Fernando Pessoa, sentado a uma mesa do Café A Brasileira, que o poeta frequentava para escrever e falar com os amigos.
António Augusto Lagoa Henriques, nascido em Lisboa a 27 de Dezembro de 1923, era grande admirador Fernando Pessoa e de Cesário Verde. Dizia que Pessoa tinha sido o seu mestre da realidade interior e Cesário o mestre da realidade exterior, inspirando muitas das suas esculturas, como a do Grupo das Varinas.


O ensino foi outra grande paixão do escultor, que continou a dar aulas e a fazer conferências após completar 80 anos, nomeadamente na Escola de Superior de Belas-Artes do Porto e de Lisboa, e na Universidade Autónoma.

Costumava levar os alunos de desenho à rua para que tivessem contacto com o movimento da cidade, as pessoas, os elementos da natureza, aliando o ensino das formas clássicas à descoberta da realidade.

Foi na Escola de Belas-Artes de Lisboa que iniciou os estudos de escultura, em 1945, mas passados dois anos transferiu-se para a Escola de Belas-Artes do Porto, onde teve como referência principal da sua formação artística o professor Barata Feyo.


Finalizado o curso com nota máxima, conseguiu uma bolsa e foi estudar para Itália, orientado pelo escultor Marino Marini. Esteve ainda em França, Bélgica, Holanda, Grécia e Inglaterra, países onde conseguiu uma visão ampla do ensino do desenho e escultura que viria a introduzir em Portugal.

Regressado ao país natal, a sua carreira fica marcada, nos anos 70, pela destruição de um grande número de peças devido a um incêndio que eclodiu no seu atelier, em Lisboa.

Além da conhecida estátua de Fernando Pessoa, deixou muitas obras de arte pública em várias localidades, como o conjunto "União do Lis e Lena", no centro de Leiria, a escultura de Alves Redol em Vila Franca de Xira (que causou polémica na altura, por ter retratado o escritor nu, apenas com a boina na cabeça), e do poeta popular António Aleixo, em Vila Real de S. António.

Entre outros, recebeu o Prémio Soares dos Reis, o Prémio Teixeira Lopes, o Prémio Rotary Clube do Porto, o Prémio Diogo de Macedo e o Prémio de Escultura da II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian.



sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Prémio Nobel da Literatura 2016


Os anos 60 são a grande moda em 2016.
Moda no sentido de libertação de regras austeras e apertadinhas, libertação dos povos oprimidos, libertação do indivíduo no seu todo, dando-lhe asas nunca anteriormente oferecidas (muito menos dadas), do regresso à natureza exaltando a sua beleza - flores flores flores...


A música e a poesia dá vida a todas essas coisas tão simples e ao Amor livre, sem a libertinagem anterior. O Homem deixou de ser aquele ser «estúpido» e enganador de mulheres (tendo várias mulheres ao mesmo tempo, indo a prostitutas, apanhando doenças venéreas mortais e transmitindo-as às suas mulheres e a outras...).


Os hippies não queriam a guerra, já tinha havido muitas, 2 guerras mundiais devastadoras e cruéis.
Bob Dilan passou por muitas fases diferentes, incluindo a fase hippie nos anos 60 do século XX.
Se pensarmos bem, possivelmente Bob Dilan foi muito bem escolhido mesmo para o Prémio Nobel da Literatura, porque a Literatura é vida, movimenta-se, não fica estagnada em letras mortas e vazias. Bob Dilan representa a vida e não a destruição e morte que hoje temos de volta em todo o mundo.
Certamente a Academia sueca quis dar este ano um cunho simbólico de Alegria e Vida, Bondade e Inteligência (para cantar e tocar dois instrumentos ao mesmo tempo é precisa muita inteligência), num mundo onde reina a infelicidade e tristeza, a ganância cega e estúpida dos que detém o poder.
Eu acredito que sim e concordo plenamente.



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Setembro...sempre setembro



Setembro, sempre Setembro


Setembro, tantas lembranças boas, gulosas e felizes!

Ninguém vai conseguir apagar ou sequer embaciar as minhas memórias do doce mês de Setembro!!

Mês dos aniversários de nascimento de três gerações: avó, mãe e neto.

Fora o cair da folha, amarelas e vermelhas, as vindimas e o trabalho duro, o céu com mais nuvens, o rio Tejo a crescer na janela, as ruas salpicadas de cores reluzentes dos chapéus de chuva, as gotas nas janelas, o pim...pim...pim que insiste em acordar-nos, tão obstinado e aborrecido, os fatos e vestidos de cores mais quentes e muito mais bonitos, as amigas quase todas do signo virgem (ou leão ou balança, vá-se lá saber porquê).
Otempo que passa cada vez mais devagar, os filmes que se vêem mais, os livros que se lêem mais, os olhos que se abrem mais sem precisar de óculos negros que escondem tudo, as peles morenas que começam a ficar deslavadas, as corridinhas para casa ou algum refúgio, o aconchego do «chega para cá», a gatinha meiga que se senta em cima de nós, os xailes e mantas coloridas, as pantufas forradas, o croché e tricô, o lume aquecedor ou lareira, velas também a brilhar, muitas velas, os requintados cozinhados de feijão e arroz, basta de saladas porcaria de saladas, engorda não quero saber, a roupa agora tapa tudo, depois logo se vê...

Bem vou fazer qualquer coisa.
Um bolo da bolacha não escapa, tem de ser. Mas nunca igual ao da mãe, esse era sublime, digno só dos anjos e de outros seres alados...




quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 - 2004)




Miradouro de Sophia de Mello Breyner Andresen

O antes denominado Miradouro da Graça, bem conhecido dos lisboetas e um pouco por todo os cantos do mundo, diria mesmo, foi objecto de alteração de nome, por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa. 
Passou a chamar-se Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, escritora e poetisa (não tenho medo de dizer esta palavra no feminino, não por questões feministas, mas soa-me muito bem, tem quatro sílabas como a palavra «escritora».
Poetisa é para mim a melhor palavra para designar todas as mulheres que se dedicam a escrever poesia. 
Se não concordarem com esta escrita e opinião, estão no vosso direito, mas a Língua Portuguesa e eu não vamos em modas, hélas!



Curiosa e apropriada é também a designação duma rua relativamente recente, na freguesia do Parque das Nações, aqui bem perto de mim, mas que ainda não descobri, um dia destes vou tentar saber onde fica, que é a Rua Menina do Mar, título e personagem principal do mais conhecido livro de Sophia de M.B. Andresen, pois é lido nas escolas por milhares de crianças e jovens.